Endometriose

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    O que é a Endometriose?

    A Endometriose é uma doença crónica, que resulta da presença de tecido endometrial – que reveste a parede interna do útero, fora da cavidade uterina, induzindo lesões inflamatórias crónicas nos tecidos afetados – endométrio ectópico. Durante o ciclo menstrual, este tecido reage às hormonas, causando inflamação, dor, e formação de cicatrizes.

    O endométrio normal descamado é eliminado na forma de fluxo menstrual (menstruação), mas simultaneamente o endométrio ectópico também descama nas diferentes localizações, com sintomatologia por vezes de dor ou perda de sangue, conforme a localização. 

    Em 90% dos casos são localizados na região pélvica, mas é possível encontrar outras localizações:

    • Trompas de Falópio
    • Ovários
    • Parede do útero
    • Bexiga
    • Intestino
    • Apêndice
    • Pulmão
    • Nariz
    • Umbigo

    A Endometriose afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva e em cerca de 30-50% das mulheres com infertilidade e/ou dor pélvica. É uma doença crónica e recorrente, com elevado impacto na saúde física e mental da mulher, afetando a sua qualidade de vida no contexto familiar, profissional e social.

    Quais as possíveis causas da Endometriose?

    Ainda são pouco conhecidas as causas da Endometriose, apesar de existir muita investigação sobre a doença, designadamente estudos imunológicos, ambientais, genéticos e de stress oxidativo.

    Quais os sintomas mais frequentes da Endometriose?

    As manifestações da Endometriose podem variar de acordo com a localização dos focos, grau de invasão dos órgãos ou aderências formadas pela inflamação. A sintomatologia pode desenvolver-se de forma lenta ou manifestar-se por dor pélvica intensa ou sintomas dos órgãos à distância (geralmente durante a menstruação). Todo este quadro variável de sintomatologia pode atrasar o diagnóstico.

    Sintomas mais frequentes incluem:

    • Dores menstruais (dismenorreia) em 90-95% dos casos;
    • Dor profunda na vagina ou na pelve durante a relação sexual;
    • Dor pélvica crónica geralmente coincidente com o início de período menstrual, que pode continuar depois e não relacionada com a menstruação;
    • Geralmente a menstruação é abundante, muito dolorosa, muitas vezes incapacitante;
    • Obstipação ou diarreia no período de menstruação;
    • Dor e/ou perda de sangue na defecação;
    • Dor e/ou perda de sangue a urinar;
    • Infertilidade

    Qualquer sintomatologia afeta a outros órgãos pode simular situações patológicas diversas, o que dificulta e atrasa o diagnóstico.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico de Endometriose pode ser desafiante, uma vez que os sintomas são frequentemente inespecíficos e podem simular outras patologias. Em muitos casos, pode demorar entre 5 a 10 anos para ser confirmado.

    Para obter um diagnóstico preciso, é essencial estar atenta aos sintomas da doença e realizar exames de qualidade conduzidos por especialistas experientes.

    O diagnóstico pode incluir:

    • História clínica e identificação da sintomatologia: A avaliação começa com o estudo da história clínica da paciente e a identificação dos sintomas apresentados.
    • Exame pélvico: Durante o exame pélvico, podem ser identificados sinais como:

      • Dor ao toque vaginal e à mobilização do útero.
      • Presença de nódulos dolorosos ou massas na região vaginal, pélvica e retal.
    • Exames de imagem:

      • Ecografia pélvica endovaginal
        • Avalia estruturas pélvicas e pode identificar focos de endometriose, como quistos nos ovários (endometriomas).
        • A precisão depende da experiência do profissional que realiza o exame.
      • Ressonância magnética pélvica
        • Exame não invasivo que fornece imagens detalhadas do útero, ovários, trompas, bexiga, ureter e intestinos.
      • Colonoscopia / retossigmoidoscopia
        • Indicada em casos de suspeita de invasão do cólon para planeamento de tratamentos mais avançados.
    • Exame de sangue: O marcador CA-125 pode estar alterado em casos de endometriose profunda, embora um resultado normal não exclua a presença da doença.

    • Laparoscopia: Método mais preciso para diagnóstico e avaliação do estágio da Endometriose. Este procedimento, realizado sob anestesia geral, permite visualizar diretamente as estruturas intra-abdominais e efetuar biópsias.

    • Outros exames: Podem ser indicados conforme cada caso específico, com base na situação clínica da paciente.

    A avaliação completa da condição clínica da paciente é crucial antes de decidir o plano de tratamento, pois os exames podem subestimar a gravidade das lesões. Um planeamento cuidadoso dos procedimentos e o suporte de uma equipa multidisciplinar qualificada são indispensáveis para alcançar os melhores resultados.

    Quais os possíveis tratamentos para a Endometriose?

    O tratamento da Endometriose depende de uma série de fatores individuais, como:

    • Sintomas e sua gravidade.
    • Idade da paciente e desejo de gravidezes futuras.
    • Localização e extensão dos focos ou massas de endometriose.
    • Complicações em órgãos adjacentes, como reto e bexiga.
    • Especificidades de cada caso.

    O plano de tratamento é sempre individualizado, considerando as queixas da paciente, a gravidade da doença e o desejo de engravidar no futuro. Existem duas abordagens principais para o tratamento da Endometriose:

     

     Tratamento médico

    • Controlo da dor: Analgésicos ou anti-inflamatórios podem ser utilizados para alívio dos sintomas.
    • Mudanças no estilo de vida: Adoção de uma alimentação saudável e prática regular de exercício físico.
    • Terapêutica hormonal: Cujo objetivo é reduzir ou interromper a menstruação, como a pílula contraceptiva combinada, pílula com progesterona ou o dispositivo intrauterino hormonal.
     

    Tratamento cirúrgico

    A cirurgia é indicada para casos em que o tratamento clínico não foi eficaz ou quando a doença apresenta maior complexidade.

    • Cirurgia conservadora: Visa preservar a fertilidade. É utilizada para remover os focos de endometriose através de laparoscopia;
    • Cirurgia radical: Indispensável em casos mais severos, quando é necessário remover órgãos afetados. Exige uma equipa cirúrgica experiente em cirurgia de endometriose.
    • Cirurgia minimamente invasiva por laparoscopia: Menos invasiva, com recuperação mais rápida e menor taxa de complicações.
    • Cirurgia robótica: Avanço que oferece maior precisão e melhores resultados na execução cirúrgica.

    Possível evolução da Endometriose se não tratada

    Se a endometriose não for tratada, a doença pode agravar-se, contribuindo para:

    • O desenvolvimento de infertilidade.
    • Um impacto severo na qualidade de vida, tanto a nível pessoal, profissional como social.

    Conselhos para a paciente com Endometriose

    • Fique atenta aos sintomas: Dor pélvica intensa, dor menstrual incapacitante e outros sinais associados devem ser valorizados.
    • Consulte regularmente o ginecologista: Diagnóstico e acompanhamento especializado são fundamentais para controlar a progressão da doença.
    • Adote hábitos de vida saudáveis como complemento ao tratamento médico
      • Exercício físico aeróbico: Caminhada, bicicleta ou atividades regulares ajudam a melhorar o bem-estar.
      • Alimentação equilibrada: Priorize alimentos saudáveis que favoreçam o metabolismo e reduzam inflamações.
      • Acompanhamento psicológico: Auxilia no controlo do stress e da ansiedade, melhorando o equilíbrio emocional.

    Reforce que, sem o devido tratamento, a Endometriose pode trazer sérias complicações, afetando profundamente diversos aspetos da vida.

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    Perguntas frequentes

    Se suspeita que pode ter Endometriose devido à presença dos sintomas supramencionados, consulte o ginecologista.

    A endometriose é uma doença crónica que não tem cura definitiva, mas os sintomas podem ser geridos de forma eficaz com tratamentos médicos e/ou cirúrgicos, como mencionado anteriormente.

    Sim, muitas mulheres com Endometriose conseguem engravidar, embora possam enfrentar maiores dificuldades. Dependendo da gravidade da doença, pode ser necessário recorrer a tratamentos de fertilidade. A remoção cirúrgica de focos de Endometriose pode melhorar as chances de conceção.

    Sim, a dor é um dos principais sintomas da endometriose. Esta dor pode variar de leve a debilitante e ocorre frequentemente durante a menstruação, relações sexuais ou ao urinar e defecar.

    A Endometriose profunda é uma forma mais grave da doença, em que o tecido endometrial penetra profundamente nos órgãos pélvicos, como os intestinos ou a bexiga. Esta forma pode causar sintomas mais intensos e é frequentemente associada a complicações como aderências e infertilidade.

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