Mioma Uterino
O mioma uterino, também conhecido como fibromioma uterino, é um tumor benigno que se desenvolve no tecido muscular do útero. Embora possa surgir em qualquer idade reprodutiva, é mais frequente em mulheres entre os 30 e 50 anos. A maioria dos miomas não tem potencial maligno e muitos não provocam sintomas, mas podem afetar a qualidade de vida consoante a sua localização, tamanho e número.
Os miomas uterinos são uma das alterações benignas mais comuns em ginecologia, e muitas mulheres acabam por ter contacto com este diagnóstico ao longo da vida.
Conhecer melhor esta patologia ajuda a compreender quando deve procurar ajuda médica e quais as opções disponíveis.
O que é Mioma Uterino?
Os miomas uterinos são tumores benignos do músculo uterino. Apesar da palavra “tumor” causar preocupação, importa reforçar que os miomas não são cancerígenos e, na grande maioria dos casos, mantêm-se como formações benignas. Podem variar muito em número e dimensão, desde milímetros até vários centímetros, e localizar-se em diferentes zonas do útero: submucosos (para dentro da cavidade uterina), intramurais (na parede do útero) ou subserosos (para fora do útero).
De acordo com o Consenso Nacional sobre Miomas Uterinos de 2024 da SPG (Sociedade Portuguesa de Ginecologia), os miomas uterinos afetam cerca de 50 a 60% das mulheres com mais de 30 anos e 20 a 40 % das mulheres em idade reprodutora.
Tipos de Miomas
Intramurais: Desenvolvem-se na parede muscular do útero.
Subserosos: Crescem para fora do útero, na camada externa, podendo pressionar a bexiga ou outros órgãos próximos.
Submucosos: Projetam-se para a cavidade uterina, podendo causar hemorragias intensas.
Pediculados: Ficam ligados ao útero através de uma espécie de “pedículo” ou haste.
Quais as causas para o aparecimento dos miomas uterinos?
Não existe uma causa única para o desenvolvimento de miomas, mas sabemos que fatores hormonais (principalmente estrogénio e progesterona) e genéticos podem influenciar o seu aparecimento. A predisposição familiar, a obesidade e o início precoce da menstruação também podem aumentar o risco.
A SPG refere alterações cromossómicas detetáveis em cerca de 40% dos miomas e mutações somáticas frequentes (p.ex., MED12, HMGA1, FH), reforçando a natureza monoclonal do tumor.
Quais são os sintomas mais frequentes?
Os miomas uterinos podem ser assintomáticos. Quando presentes, os sintomas mais comuns incluem:
- menstruações abundantes e prolongadas;
- dor/pressão pélvica;
- aumento do volume abdominal;
- sintomas urinários/obstipação (por compressão);
- e, nalguns casos, impacto na fertilidade.
Segundo a SPG, a hemorragia uterina anormal ocorre em cerca de 40% das mulheres com miomas; 25–30% das mulheres em idade reprodutiva têm sintomas que interferem com a qualidade de vida e exigem tratamento.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico dos miomas uterinos baseia-se na avaliação clínica e na imagiologia. Na prática, a ecografia pélvica é o exame de primeira linha, permitindo identificar a localização, número e dimensão dos miomas. Em situações específicas, como quando se pretende avaliar melhor a cavidade uterina, podemos recorrer à histerossalpingografia, ressonância magnética ou histeroscopia diagnóstica.
Quais são os tratamentos para o mioma uterino?
O tratamento dos miomas uterinos deve ser sempre individualizado, tendo em conta a idade da mulher, os sintomas, o desejo de fertilidade e as características dos miomas.
Em casos sem sintomas relevantes, pode ser suficiente manter apenas vigilância periódica.
Quando os sintomas interferem com a qualidade de vida, existem diferentes abordagens:
Tratamento médico
Inclui fármacos hormonais que ajudam a controlar hemorragias menstruais ou reduzir temporariamente o tamanho dos miomas. Anticoncecionais, dispositivos intrauterinos com progesterona e análogos da GnRH são algumas opções.
Os anti-inflamatórios também podem ser utilizados para ajudar a reduzir os sintomas.
Tratamento cirúrgico
A miomectomia (remoção do mioma preservando o útero) é indicada quando há desejo de gravidez futura. A histerectomia (remoção do útero) pode ser considerada em mulheres que já não pretendem engravidar e apresentam sintomas graves.
Técnicas minimamente invasivas
Técnicas minimamente invasivas como a embolização das artérias uterinas ou técnicas de ablação visam reduzir o fornecimento de sangue aos miomas, provocando a sua redução.
Reforçamos sempre que a escolha do tratamento deve ser feita após avaliação por um ginecologista, considerando cada caso de forma individual.
Qual a possível evolução ou complicações se não tratados?
Muitos miomas permanecem estáveis e não requerem tratamento. Contudo, quando não tratados, podem provocar anemia por perdas menstruais excessivas, dor crónica, aumento progressivo do abdómen ou impacto na fertilidade. Em casos raros, o crescimento rápido levanta a suspeita de tumores malignos, mas a transformação maligna de um mioma é extremamente rara.
Quais as formas de prevenção?
Não existe prevenção garantida. Na nossa prática, aconselhamos peso adequado, exercício regular, vigilância ginecológica e correção de anemia quando necessário.
A identificação precoce facilita abordagens menos invasivas.
Perguntas frequentes
Quando é que o mioma é perigoso?
O mioma pode ser considerado perigoso quando cresce demasiado, causa hemorragias intensas, anemia ou dores constantes. Além disso, pode ser problemático em termos de fertilidade ou durante a gravidez. Nestas situações, o médico pode propor um tratamento mais específico ou cirúrgico.
É possível engravidar com mioma uterino?
Sim, muitas mulheres conseguem engravidar e ter uma gravidez de sucesso com miomas. No entanto, miomas submucosos podem afetar a fertilidade e o desenvolvimento da gravidez. Cada caso deve ser avaliado individualmente.
O que acontece se o mioma não for retirado?
Se o mioma não estiver a causar sintomas e não estiver a crescer de forma preocupante, pode ser apenas acompanhado. No entanto, caso aumente de tamanho ou origine desconfortos e complicações, poderá ser necessária intervenção médica.
O que o mioma pode causar na mulher?
Dependendo da localização, os miomas podem provocar dores pélvicas, menstruações abundantes, aumento do volume abdominal, pressão sobre a bexiga (levando a micções frequentes) e até mesmo interferir com a fertilidade em alguns casos.
O mioma no útero pode ser sinal de cancro?
A grande maioria dos miomas são benignos e não se convertem em cancro. A transformação maligna é extremamente rara, ocorrendo numa percentagem muito pequena de casos.
Quanto tempo leva um mioma a crescer?
O ritmo de crescimento varia de mulher para mulher e depende de fatores hormonais e genéticos. Alguns miomas podem crescer rapidamente num curto espaço de tempo, enquanto outros se mantêm praticamente estáveis durante anos.
É possível tratar o mioma sem cirurgia?
Sim, existem várias opções não cirúrgicas, como a embolização das artérias uterinas e medicação hormonal, que podem controlar os sintomas ou reduzir o tamanho dos miomas. No entanto, nem todos os casos são elegíveis para estes tratamentos, sendo fundamental a avaliação de um especialista.
O mioma pode desaparecer sozinho?
os miomas tendem a estabilizar ou diminuir após a menopausa. Antes disso, raramente “desaparece”, mas pode reduzir com tratamentos médicos específicos.
A cirurgia de mioma uterino é perigosa? Quando é indicada?
Como em qualquer cirurgia, existem riscos associados, mas a miomectomia e outras intervenções são geralmente seguras quando realizadas por equipas experientes. A cirurgia é recomendada quando os sintomas são graves, afetam a qualidade de vida ou quando existe o desejo de engravidar e o mioma está a prejudicar a fertilidade.
Como é a recuperação da Miomectomia?
A recuperação varia consoante o tipo de técnica utilizada (cirurgia aberta, laparoscopia ou histeroscopia). Em geral, requer repouso por algumas semanas, evitando esforços físicos intensos. O médico poderá recomendar medicação para gerir a dor e prevenir infeções, bem como fisioterapia pélvica para ajudar na recuperação.
Agende uma consulta de Ginecologia e Obstetrícia
No Douro Centro Médico
Av. da Boavista 197, 2ºB, 4050-115 Porto, Portugal