Prevenção e Rastreio do Cancro do Colo do Útero
O cancro do colo do útero é o 4º cancro mais frequente na mulher e representa a 3ª causa de morte das mulheres a nível global.
Neste artigo falaremos dos fatores de risco e formas de prevenção (incluindo o rastreio do colo do útero).
Principais Fatores de Risco para o Cancro do Colo do Útero
O principal fator consiste na infecção por HPV, responsável por 90% dos cancros do colo do útero. Existem outros fatores de risco como por exemplo:
- tabagismo;
- início precoce da atividade sexual;
- múltiplos parceiros sexuais;
- contracepção prolongada;
- infeção por HIV.
Prevenção e Rastreio do Colo do Útero
A estratégia global da OMS para a erradicação do colo do útero consiste em 3 pilares:
- Vacina contra o HPV;
- Rastreio / diagnóstico precoce;
- Tratamento.
Prevenção Primária
- Eliminação de fatores de risco
- Vacinação preventiva contra o HPV (a sua grande eficácia está cientificamente comprovada)
- É aconselhado até aos 45 anos
Prevenção Secundária
Consiste na realização de um teste de rastreio como a citologia e a pesquisa de HPV de alto risco para a detecção e tratamento de lesões pré-malignas do colo do útero.
Co-teste
Apesar de 90% dos colos do útero serem provocados pelo vírus do HPV, existem casos em que se confirma cancro do colo do útero independente da infeção por HPV.
Estes conhecimentos reforçam a hipótese de utilização do exame co-teste.
O co-teste consiste na realização da citologia em meio líquido + teste da detecção do HPV.
Esta combinação torna o método de rastreio mais fiável.
Estratificação do risco
De acordo com o resultado obtido, a orientação clínica deve basear-se na avaliação do risco para lesão pré-maligna considerando história clínica, idade, exame citológico e HPV, bem como outros diagnósticos anteriores.
Em função dos resultados obtidos nos testes de rastreio por vezes é recomendada a realização de colposcopia, exame ‘gold standard’ na deteção de lesões pré-malignas.
A maior parte das infecções por HPV sobretudo nas idades jovens são eliminadas espontaneamente. Só uma pequena percentagem pode evoluir para lesão pré-maligna e cancro do colo.
Quando detectado precocemente, 90% dos casos de lesões pré-malignas podem ser tratadas atempadamente evitando a progressão para cancro de colo invasor.
Compete ao clínico a orientação e vigilância na detecção precoce e o follow up na estratificação do risco.
Quando deve ser realizado o rastreio?
O rastreio pode ser organizado quando é uma medida de saúde pública e abrange população nacional ou oportunista se é realizado no âmbito da consulta particular e sem periodicidade definida.Nos últimos anos o conhecimento científico tem permitido melhorar a sensibilidade do rastreio do cancro do colo do útero e dessa forma diminuir a sua incidência. Atualmente algumas guidelines publicadas indicam o teste de detecção de HPV como método de rastreio primário. Estas orientações aplicam-se fundamentalmente ao rastreio organizado em que o custo-benefício é um fator determinante. No contexto de consulta particular, a orientação poderá ser mais personalizada.
Recomendações para rastreio organizado do CCU:
Faixa etária | OMS | ACS |
---|---|---|
<25 anos | Sem rastreio | Sem rastreio |
25 aos 29 anos | Sem rastreio | Teste HPV de 5 em 5 anos ou Co-teste de 5 em 5 anos ou citologia de 3 em 3 anos |
30 aos 65 anos | teste HPV a cada 5 a 10 anos | Teste HPV de 5 em 5 anos ou Co-teste de 5 em 5 anos ou citologia de 3 em 3 anos |
>65 anos | Sem rastreio | Sem rastreio |
A prevenção primária da infecção por HPV / vacinação tem um impacto significativo na incidência do cancro do colo do útero sendo as estratégias de prevenção primária (vacina) e prevenção secundária (rastreio diagnóstico precoce) cruciais na abordagem deste importante problema de saúde pública.
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